O Papa Francisco recebeu em audiência, a Comunidade Acadêmica do Pontifício Instituto Teológico João Paulo II para as Ciências do Matrimônio e da Família
No encontro com a Comunidade Acadêmica do Pontifício Instituto Teológico João Paulo II, no Vaticano, o Papa Francisco destacou a importância do diálogo com estudiosos e institutos culturais de diferentes abordagens. Ele também ressaltou que “a força da família reside essencialmente na sua capacidade de amar e de ensinar a amar”.
Francisco recebeu em audiência, nesta segunda-feira (25/11), na Sala Clementina, a Comunidade Acadêmica do Pontifício Instituto Teológico João Paulo II para as Ciências do Matrimônio e da Família.
O Pontífice iniciou o discurso relembrando que o Documento Final da XVI Assembleia do Sínodo sobre a Sinodalidade afirma que as famílias são um espaço “privilegiado para aprender e experimentar as práticas essenciais de uma Igreja sinodal”. Para isso, deve crescer entre as famílias a consciência de que são “sujeitos e não apenas destinatários da pastoral familiar”, com responsabilidade pela “edificação da Igreja e pelo compromisso com a sociedade”. Ele ressaltou: “Sabemos que o matrimônio e a família são decisivos para a vida dos povos: a Igreja sempre cuidou deles, apoiou-os e os evangelizou”.
Restrições e imposições que pesam especialmente sobre as mulheres
Infelizmente, em alguns países, as autoridades públicas não respeitam a dignidade e a liberdade inerentes a todo ser humano como filho de Deus.
“Muitas vezes, as restrições e imposições pesam especialmente sobre as mulheres, forçando-as a posições de subalternidade”, disse o Papa. Ele destacou: “Desde o início, porém, entre os discípulos do Senhor havia também mulheres, e São Paulo escreveu: «Em Cristo Jesus já não há mais homem nem mulher»”. Ele esclareceu que isso não anula as diferenças entre os dois, mas enfatiza que, no plano da salvação, não há discriminação entre homem e mulher: “Ambos pertencem a Cristo, são ‘descendência de Abraão e herdeiros segundo a promessa’”, afirmou.
Por meio de Jesus, continuou Francisco, todos nós somos “libertados do pecado, da tristeza, do vazio interior e do isolamento”. Ele explicou que o Evangelho da família é a alegria que “enche o coração e a vida inteira”, citando a Exortação Apostólica Amoris Laetitia. Segundo ele, “é esse Evangelho que ajuda todos, em todas as culturas, a buscar sempre o que está em conformidade com o humano e o desejo de salvação enraizado em cada homem e mulher”.
O Sacramento do Matrimônio: como o bom vinho
O Papa comparou o Sacramento do Matrimônio ao bom vinho das Bodas de Caná. Ele lembrou que as primeiras comunidades cristãs se desenvolveram de forma doméstica, ampliando as unidades familiares ao acolher novos fiéis e reunir-se em lares.
“Como uma casa aberta e acolhedora, desde o início a Igreja se esforçou para que nenhuma restrição econômica ou social impedisse o seguimento de Jesus. Entrar na Igreja significa sempre inaugurar uma nova fraternidade, fundada no Batismo, que abraça o estranho e até mesmo o inimigo”, disse.
Atenção pastoral misericordiosa
O Pontífice enfatizou: “A Igreja, comprometida com a mesma missão, não fecha a porta para aqueles que têm dificuldade no caminho da fé. Pelo contrário, abre-a amplamente, pois todos precisam de uma atenção pastoral misericordiosa e encorajadora”.
Ele repetiu: “Todos, todos, todos. Jesus disse isso quando os convidados para o casamento não compareceram. Então, Ele mandou chamar todos: bons e maus. A Igreja, como mãe de todos, segue essa lógica de integração pastoral”.
Francisco destacou ainda que essa integração pastoral é essencial no acompanhamento daqueles “que vivem juntos adiando indefinidamente o compromisso conjugal” e dos divorciados e recasados. “São batizados, são irmãos e irmãs. O Espírito Santo derrama neles dons e carismas para o bem de todos”, afirmou. Ele reforçou que a Igreja promove a família fundada no Matrimônio, contribuindo para fortalecer o vínculo conjugal através da caridade, pois “a força da família reside essencialmente na sua capacidade de amar e de ensinar a amar”.
Harmonia e compreensão entre os povos
O Papa Francisco lembrou que os desafios e esperanças que afetam o matrimônio e a família estão ligados à relação entre a Igreja e a cultura. Ele citou São Paulo VI, que já alertava para o “drama da ruptura entre o Evangelho e a cultura”.
São João Paulo II e Bento XVI aprofundaram o tema da inculturação, abordando questões de interculturalidade e globalização. Segundo Francisco, a capacidade de enfrentar esses desafios é essencial para cumprir a missão evangelizadora da Igreja.
Ele concluiu afirmando que espera que o Instituto Teológico João Paulo II continue a apoiar cônjuges e famílias em sua missão, ajudando-os a serem “pedras vivas da Igreja e testemunhas de fidelidade, serviço, abertura à vida e acolhimento”.